Espartan

Às vezes lemos ou ouvimos a expressão “regime espartano”, ou “disciplina espartana”, sempre associada a alguma prática ou hábito rígido, austero e severo. Por exemplo, uma “educação espartana” é sinônimo, atualmente, de uma formação regrada, com limites e deveres muito bem definidos, etc. Pois bem, essas expressões não são, de todo, falsas. Ao contrário, estão associadas à principal imagem que fazemos da sociedade espartana.

A civilização que deu origem à cidade-estado de Esparta, na antiga Hélade, ou Grécia Antiga, desenvolveu-se no centro da Península do Peloponeso a partir da herança dos povos indo-europeus chamados dórios, que ali se estabeleceram por volta do século X d.C. Esparta, ao lado de Atenas e Tebas, tornou-se uma das principais cidades-estado gregas (pólis), tendo inclusive disputado a hegemonia política da Hélade em diversas ocasiões.

Herdeiros dos dórios, que eram povos guerreiros e fortemente militarizados, os espartanos seguiram a mesma tendência de organização social. A aristocracia guerreira controlava a cidade, cujo topo era representado por uma diarquia – governo de dois monarcas. Esses reis, que desempenhavam funções militares e também exerciam funções religiosas, eram considerados juízes e sumo sacerdotes supremos. A formação dos guerreiros espartanos era um dos principais elementos da ordem social da cidade. A preparação para a guerra e a posse de um efetivo permanente de soldados, disciplinados e austeros, constituíam o aspecto fundamental da sociedade espartana.

Esse aspecto era refletido até na forma de resolver questões como falta de terras cultiváveis. Enquanto outras cidades-estado, como Atenas, criavam colônias em outras regiões, os espartanos conquistavam e submetiam as cidades-estado vizinhas, como Messênia. O local da Península do Peloponeso em que Esparta foi fundada recebia também o nome de Lacônia. Por conta da forma absolutamente ríspida com que conversavam, o adjetivo “lacônico”, atualmente, refere-se à pessoa que fala pouco, que é “econômica” com as palavras.

A estrutura social espartana estava dividida em espartanos ou esparciatas, os aristocratas herdeiros dos dórios que estavam na cúpula; os periecos, os habitantes antigos da região da Lacônia que geralmente exerciam funções como o artesanato e o comércio; e os hilotas, escravos que serviam aos esparciatas geralmente no cultivo do solo e na criação de animais, mas não gozavam de nenhum direito político. Em duas ocasiões os espartanos destacaram-se militarmente: na Guerra do Peloponeso e na Batalha de Termópilas contra os persas, na qual se destacou o rei Leônidas (ver imagem).

Outro detalhe importante da sociedade espartana era o tratamento dado às mulheres. Desde a infância, as mulheres espartanas recebiam rigorosos treinamentos psicológicos e exercícios físicos militares. Além disso, podiam exercer práticas como ginástica e jogos coletivos, bem como comparecer em reuniões públicas com seus companheiros, ao contrário do que ocorria em outras cidades-estado, como Atenas, que cerceava a liberdade de suas mulheres.

Leônidas, o rei espartano que se notabilizou na batalha de Termópilas contra os persas

Leônidas, o rei espartano que se notabilizou na batalha de Termópilas contra os persas

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